Uma nova geração de consumidores está a ditar as regras
e, por isso, o futuro da moda reside na capacidade das marcas
serem tanto digitais quanto sustentáveis. Esta foi a ideia
defendida na conferência “O Futuro da Moda”.
e, por isso, o futuro da moda reside na capacidade das marcas
serem tanto digitais quanto sustentáveis. Esta foi a ideia
defendida na conferência “O Futuro da Moda”.
O objectivo foi refletir sobre um contexto atual no qual “emergem novos modelos de negócios, uma nova geração de consumidores e novas tipologias de produtos”. E por isso fomos com os nossos alunos de Design de Calçado ouvir especialistas nacionais e internacionais analisarem as profundas alterações que se têm sentido no setor da moda, e temas como “A Nova Geração de Consumidores”, “A Sustentabilidade na Moda” ou “A Moda na Era Digital”.
IMAGEM by WEB
No primeiro painel dedicado às tendências, Geraldine Wharry começou por afirmar que os influenciadores e as marcas estão a redefinir o mundo e que as escolhas dos consumidores mais jovens – da geração Y ou Z – chocam com a realidade política do mundo. «Os géneros estão a ser redefinidos. Há uma maior positividade em relação ao corpo e as pessoas com deficiência e as diferentes raças são cada vez mais representadas», admitiu. Além disso, Geraldine Wharry reconheceu que, com as redes sociais, vemos a crescerem os influenciadores e a teatralidade na moda. «Contudo, os mais jovens valorizam mais a honestidade e as ligações às causas. O que definimos hoje como “maioria” vai mudar», avisou. Para a analista de tendências, a geração mais velha – os baby boomers – não pode ser ignorada, porque, na verdade, é parecida com a geração Z, no sentido em que se preocupa com o mundo que a rodeia.
Ainda neste painel Maria Eugénia Errobidarte, consultora sénior da WGSN, frisou que a ecologia é essencial para o consumidor do futuro. «A geração Y, apesar do difícil clima económico, está disposta a pagar mais pela sustentabilidade. Por seu lado, a geração Z pode não ter grande poder de compra, mas é ativa nas redes sociais. Têm uma voz muito forte atualmente», esclareceu.
No painel seguinte João Dias, administrador da AICEP, apresentou a nova plataforma digital da AICEP, a Portugal Exporta, que se abriu ao sector do calçado no dia 29. O website assume-se como uma solução de internacionalização para as empresas exportadoras, com uma área privada para parceiros da AICEP, que podem obter um serviço personalizado.
Mas foi o último painel que eu mais gostei. Foi super interessante ouvir Rafic Daud, fundador da marca de calçado Undandy e o Gonçalo Cruz, cofundador da Platforme, cuja tecnologia permite que grandes marcas de luxo personalizem os seus produtos digitalmente.
Rafic Daud revela «Tivemos que revolucionar a indústria para aquilo que acho que é o futuro da moda. O consumidor desenha o seu próprio sapato e é tudo vendido 100% online. Não há desperdícios e não há saldos.» e afirma que «Se o consumidor está a mudar… por que não vamos ter com ele? O consumidor mudou. Todos fazemos coisas que não fazíamos há 10 anos».
Já Ana Roncha, do London College of Fashion, acredita que o grande desafio nas empresas é adaptar os recursos humanos para conviverem com estas novas tecnologias. «O digital deve ser aplicado a toda a cadeia de valor. Não é um departamento», assegurou.
Entre as marcas e os consumidores estão as tecnologias, que, no evento, foram representadas pela Platforme, uma plataforma tecnológica e operacional que produz tecnologia para grandes marcas de luxo poderem customizar os seus produtos digitalmente. Gonçalo Cruz, cofundador da empresa que trabalha para os grupos LVMH e Kering, defende que a customização é o futuro e «a ponta do iceberg». «Na Gucci, por exemplo, vai acontecer o mesmo que acontece nos stands de automóveis. Testo o produto e digo o que quero. Os clientes vão querer pagar mais e não se importam de esperar. Pago antes de receber o produto. Não vai ser um processo imediato, mas sim gradual», adiantou. «Portugal é extraordinário porque sempre nos adaptamos a diferentes mundos. Temos a vantagem de sermos competitivos, mas ainda temos um longo caminho pela frente», concluiu.
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